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A brincar com os números

 

Dizem as Nações Unidas, no seu relatório "População do Mundo em 2300", que, num dos cenários por si imaginado, vai haver uma assinalável baixa na população portuguesa que a pode levar dos actuais cerca de 10 milhões para um valor a rondar os 8,3 milhões por volta desse ano a que o relatório se refere.

 

1,7 milhões de bicos a menos, é obra! Nesse mesmo cenário, a população a nível mundial cresce, aumentando dos actuais 6071 milhões para 8972 mil milhões. Dois mil e novecentos e um milhões a mais, mais bico menos bico!

Actualmente, em Portugal, cada mulher tem em média 1,45 filhos; em todo o mundo, tem 2,69. Uma série de outros cenários são estabelecidos e cada um leva aos seus resultados, que vão dos oito, não aos oitenta, mas, pelo menos, aos oitocentos. Estas manipulações de números, postas em bom papel e muito bem encadernadas, fazem um vistão e dão pano para muita conversa.

Não sei o que leva esta gente a extrapolar que dentro de 100 anos a mulher portuguesa sobe a produção para os 2,07 filhos e a mulher global desce para os 1,91. Também não sei por que fenómeno é que em 2100 as nossas mulheres atingem o máximo de 2,07 e as globais o mínimo de 1,91. Muito menos sei o que as faz quase estabilizar, durante 200 anos, desde 2100 até 2300, nos 2,06. E por que é que nessa mesma altura a mulher global começa a fixar-se nos 2,05 filhos?

Estes são alguns exemplos que colhi dos vários cenários que os ocupam e preocupam à distância de 300 anos. E lá estão eles, rigorosos, a fazer deduções a partir de valores centesimais dos filhos gerados por cada mulher. Eu não duvido, e disso até estou mesmo mais que certo, que esses futurólogos têm à sua disposição uma vasta e valiosa base de dados e potentes computadores de última geração que lhes permite em milissegundos fazer as mais extravagantes simulações.

Não discordo de modo algum e até apoio inteiramente que se pense no futuro e se medite com tempo nestas coisas, tanto mais que, com esses tais meios que temos à nossa disposição, tal exercício é relativamente fácil, e embora não deva ficar barato, certamente, a alguém deve ir dando os seus milhões. A única coisa que posso dizer é que, entre si ou com outros nisso interessados, podem brincar à vontade e ao que quiserem.

Comigo, agora, porque ando imensamente ocupado, para já não contem. Esperem só aí uns duzentos e cinquenta e tal anos e, se eu estiver mais livre, então, falamos. Fica combinado?



 

*** meu Deus, no que dão as estatísticas!

 

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