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A luta dos ventos

 

Alguém, de repente, (estou mesmo convicto que só pode ter sido muito de repente), teve uma ideia, uma ideia luminosa, encandeante e democraticamente sagaz.

Logo a soltou aos três ventos, e não aos quatro como sempre é costume acontecer, porque três é o número dos ventos que estão condenados a vir a amargar os mais humilhantes resultados, que para sempre irão, impiedosamente, manchar e até arruinar as suas carreiras políticas, sejam elas profissionais, extraprofissionais, ou não se sabe bem ao certo.

A ideia lançada, sob a forma de pergunta, foi esta: para que não passem por tal pernicioso enxovalho, que vai arruinar as vossas vidas, por que não deixam de soprar cada um para o seu lado e juntam ao vento que tudo vai derrubar os vossos débeis sopros que nem uma vela já no coto conseguem apagar?

Mas eu, que às vezes também tenho os meus repentes de ideias, interroguei-me e encontrei uma fórmula muito mais simples. Por que não pedir ao outro vento, aquele que não querem que passe, que este se recolha e deixe o vosso vento passar?

Não me digam que este também se ia recusar! Se tal acontecer, já cá não está quem falou.

 


 

***

Eleições para a Presidência da República  em Janeiro de 2006.

 

O Dr. Jorge Coelho, um vivaço topo de gama do Partido Socialista, foi o iluminado que fez a cândida sugestão aos outros competidores de esquerda, Francisco Louçã, Manuel Alegre e Jerónimo de Sousa, para que desistissem em favor do seu candidato, o eterno e insubstituível Dr. Mário Soares.

A terminar, muito sorridente, disse que se a sua sugestão não fosse aceite  "já cá não está quem falou". 

 

O Dr. Jorge Coelho, até ver, já cá não está, mas anda por aí.  Estejamos atentos para ver o bom sítio onde há-de vir a cair. Pudera!

 

 

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