A sorte de ser capaz
Quem, como eu, costuma desabafar com o seu jornal gosta de ver publicado aquilo que escreve, o que julgo ser uma reacção mais que natural e compreensível.
Não sei se, desta vez e neste caso especial, vou ter o gosto de me ler, mas, suceda o que suceder, sei que vou ficar muito de bem com a minha consciência.
Esta meia dúzia de linhas, que pretende ser uma homenagem, não vai, pela certa, ser lida pelo piloto Chesley Sullenberger, aquele homem sereno e altamente habilitado que “apenas” cumpriu o seu dever de forma rigorosa e exemplar que, certamente, vai ficar na história da aviação.
Sullenberger, com a sua bem patente modéstia e austero pragmatismo, nem se considera um herói nem diz que a sorte o amparou.
Pensando bem, se a sorte protege os audazes, porque não havia ela de, uma vez por outra, proteger os que, além de audazes, também são os mais capazes?
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Tive o gosto de me ler.
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O heróico e excepcionalmente modesto piloto-aviador Chesley Sullenberger , com o seu enorme saber e perícia, salvou 155 vidas.
Foi na Baía de Hudson ( Nova - Iorque ) que ele destemidamente "aterrou" com a sua "nave" que estava com sérios problemas técnicos.
O extraordinário fe memorável acto ficou conhecido por " Milagre do Hudson".