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As baleias

 

Vamos supor que um grande matreiro, na mira de urdir uma boa marosca, faz uma encenação diabólica para dar a entender que ligou tudo à terra e que a vida lhe passa completamente ao lado sem nunca lhe piscar o olho ou fazer o mais ligeiro aceno.

 

Marosca consumada, se esta, por azar seu, se vem a descobrir, os que são da sua laia e muito bem o conhecem, porque com ele comem à mesma mesa e aí partilham do mesmo bolo, fingem não o conhecer, dizem que nunca dele ouviram falar e que jamais lhes poderia passar pela cabeça que ele pudesse estar envolvido na confecção de tão bem elaborada tramóia.

 

 Disseram-me, já não sei como isto veio a propósito, mas tem a ver com um escândalo que se arrasta por aí, que é para resolver este tipo de problemas que se lança mão dos tão badalados “offshores”, uma coisa que me intrigava e eu não sabia como era, nem para que servia.

 

Agora, fiquei a saber, mais ou menos, para que servem e também já sei que são uma espécie de baleias gigantes com enormes barrigas de aluguer onde se escondem polvos providos de enormes tentáculos cheios de ventosas com elevado poder de sucção. Estas baleias vivem ao largo, e à larga, em águas imensamente turvas e sujas, num mimetismo tão perfeito com o meio em que se movem, que ninguém as consegue enxergar.

 

Ou será que enxergam, mas não querem ver?

 

 

 

***

     O caso do banco Millennium, os off-shores e os "mexilhões" junto à praia

 

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