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As dimensões dos candidatos

 

No último frente a frente entre Bush e Kerry, houve especial cuidado em evitar que os dois oponentes estivessem muito próximos um do outro, de modo a que a sua diferença de alturas não tivesse efeitos no julgamento dos eleitores americanos.

 

Bush mede um metro e oitenta e é o que se sabe, Kerry atinge o metro e noventa e dois e ainda poucos sabem bem o que ele é. Esta diferença de 12 cm, (um pouco menos que 5 polegadas), não fossem tais cuidados em os disfarçar, teria uma importância vital para a opção dos mal informados e dos indecisos que, em vez de votarem nas ideias e na credibilidade dos candidatos, votam mais pela estatura, o arcaboiço e no seu palavreado mais ou menos fofo.


Cá, neste nosso país de brincar, onde a gente é maioritariamente pequena, para nossa desgraça, não apenas de perna, mas principalmente de miolo, a altura pouco interessa para a escolha de quem governa. Não é pois a altura que deve influenciar os mais vacilantes e distraídos na escolha dos seus governantes.


Num mundo a quatro dimensões, como o nosso, eu vou divulgar os meus critérios de escolha, mas dado o elevado número de farsantes e impostores que não tenho capacidade de envolver para fazer um estudo cientificamente aceitável, não posso garantir que o resultado a que cheguei seja inteiramente correcto e fiável.

 

Ainda me socorri do computador que, julgava eu, me faria os cálculos numa penada, mas alguma coisa me escapou que tive de reduzir o número de amostras e fazer todas as contas à mão, tendo mesmo recorrido a um precioso ábaco de sete arames, cada um com dez bolinhas pretas enfiadas, que me deixou o meu trisavô materno, um contabilista afamado.


Começo pelo comprimento. Aqui, avalio o tamanho do nariz. Nariz comprido faz supor homem que, mesmo com ele algo entupido, tem sempre bastante faro. Primacial!


Depois, analiso a largura. Ombros largos, para além de garantirem uma certa robustez para o cargo, significam que o homem tem costas largas. Essencial!


A altura vem a seguir. Esta é, talvez a dimensão mais importante para a minha decisão. Estou-me nas tintas se o homem é alto ou baixo, tento, sim, ver se ele está à altura de cumprir o que promete e o que dele se exige. Fundamental!


A quarta dimensão, o terrível tempo, é onde está o maior busílis, porque não se me acabam as perguntas quanto ao perfil do candidato. É deste tempo? Terá já esgotado o seu tempo? Vem ainda a tempo? Conseguirá lutar contra o tempo? Saberá sair a tempo? Capital!


Antes que voltem a página, ou fechem mesmo o jornal, fico-me por aqui. Ponto final.

 

 

*** G.W. Bush volta a candidatar-se a Presidente dos EUA e Kerry é o seu rival.

 

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