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Boas notícias

 

O TGV Lisboa - Madrid vai ser, confesso que contra o que eu até há bem pouco vaticinava, um extraordinário e mais que garantido sucesso.

 

Mesmo no pino do Inverno, todos os dias da semana, já para não falar no fartote dos sábados e domingos, com os inúmeros desdobramentos que terão de ser efectuados, Lisboa e seus arredores vão ter casa cheia.

 

 Por todos os cantos e recantos se vai maioritariamente ouvir falar espanhol. Madrid e as suas cercanias vão praticamente ficar às moscas; não digo totalmente, porque, sabendo eu como as moscas são, garanto que a maior parte delas vai continuar, na sua eterna rotina, a preferir as águas do seu tão amado rio Manzanares.  

 

Os madrilenos, e não só, vão, finalmente e a corpo inteiro, ter o mar a seus pés. Desinibidos como são, a maior parte deles vai sair de casa já em calções de banho e a navegar nas suas chinelas de enfiar no dedo, (muitos deles virão mesmo em tronco nu), para apanhar um lugar no tão ansiado TGV.

 

Sem receio de errar, vou mais longe: o próprio Alentejo interior, até aqui sempre tão esquecido, vai praticamente acabar por se desertificar durante o dia para encher toda a zona metropolitana da capital. 

 

Apenas percorrido por meia dúzia de automotoras muito mais pachorrentas que carroças puxadas a bois, todo este Alentejo de muito aquém-mar se vai meter no primeiro TGV que lhe aparecer para, num curto salto estar em Lisboa na relativa acalmia do Rossio ou, em Madrid, no habitual reboliço da Praça da Puerta del Sol. 

 

Feitas as contas, no meio disto tudo e de tanto maldizer, quem mais vai ficar a ganhar são os sortudos dos alentejanos.

Já não era sem tempo!  

 

 

 

***

O actual Ministro das Obras Públicas (parece que é economista) que veio substituir  Mário Lino Jamé (engenheiro civil encanudado), teve estas duas belas tiradas para justificar o TGV até Madrid:

 

"Lisboa pode-se transformar, por exemplo, na praia de Madrid, em termos de condições turísticas, as condições que nós temos para desportos novos como o surf ou se nós pensarmos na articulação que Lisboa pode ter com Setúbal, com Cascais, com Sintra." 

 

"Quando o comboio foi introduzido no século XIX, provavelmente as carroças que eram puxadas a cavalos caíram e, se calhar, na altura, os agentes económicos que estavam ligados à exploração das carroças, e que levavam as pessoas, ficaram extremamente tristes e todas as indústrias que estavam associadas, a indústria da palha, por exemplo. Reparem os industriais que estavam preocupados com o abastecimento da palha para os cavalos, ficaram preocupadíssimos porque, de facto, a sua indústria caiu."

 

Qualquer asno parvo e muito iletrado não zurraria pior.

 

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