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Já conquistámos, aqui ao lado, ao alcance duma cabeçada, Madrid, Barcelona, A Corunha e Salamanca, e, um pouco mais longe, ao alcance dum pontapé, tomámos Roma, Florença, Paris, Bordéus, Londres e Manchester. Um nobre povo de Figos, Coutos, Costas, Pauletas e outros mais levou-nos a correr mundos e a por todos ser falados e badalados.
O mundo vai, em breve, voltar a falar de nós, como falou séculos atrás, mas de uma maneira mais nobre e elevada. Nunca a nossa fama e grandeza terão atingido pontos tão altos.
Os americanos terão escorraçado os últimos Bushes e passarão a ser governados por um Kerry, casado com Teresa, uma mulher de largas posses, portuguesa, embora nascida em terras africanas que, até há bem pouco, foram de nossa pertença.
Voltaremos, por via desta valiosa mulher, com o nosso sangue a correr-lhe nas veias, a poder descobrir e a conquistar novos mundos, sem Infantes, sem Gamas, sem Bartolomeus nem Cabrais, sem uma única nau e sem um só real, escondido nas profundas e antigamente bem providas arcas que rapidamente fomos desbaratando.
Vamos poder fazer a guerra e decidir a paz. Libertaremos os últimos povos oprimidos, acabando com os algozes, os tiranos e os prepotentes.
Montaremos bases na Lua, esvaziaremos Mercúrio, violaremos Vénus, conquistaremos Marte, atiraremos meteoritos a Júpiter, guardaremos os anéis de Saturno, daremos uma olhadela fria por Urano e anexaremos o inóspito e minúsculo Plutão, que ninguém quer.
Vamos continuar a vasculhar o espaço, até termos conseguido conquistar todo o Cosmos e, finalmente, ultrapassar o infinito.
Falta apenas encontrar o poeta insigne que venha cantar, como outrora cantou Camões, esta nova grandiosa epopeia e arranjar os artífices que venham construir os novos marcos que assinalem, dispersos pelo expansivo Universo, esta aventura ímpar nunca dantes por outras gentes de boa-fé realizada.
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2004 Kerry candidatou-se à Casa-Branca. Não ganhou.
Sem a Teresa Heinz do nosso lado, a nossa prometida glória ficou por mais uns tempos suspensa.