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Chuva

Íamos algures em 2011 quando Jorge Sampaio, um nosso anterior Presidente da República, foi depor a favor de um seu amigo sobre quem, como acontece a uma densa chusma de tantos outros que por aí vagueiam, recaíam suspeitas de coisas nada abonatórias. Ficou-lhe bem e eu, um vulgar cidadão que, infelizmente, nem a vogal da minha freguesia hei-de vir a chegar, faria o mesmo se a um amigo meu tal coisa estivesse a acontecer, mesmo que tivesse de ir a pé ou na minha velha bicicleta a pedal.

 

Chovia amenamente e, a uns curtos passinhos da entrada do Tribunal, Jorge Sampaio foi interceptado por jornalistas ávidos que sobre ele caíram em grossas bátegas de que ele não se pôde, ou não quis, abrigar.

 

Em andamento, sem alterar o seu passo sadiamente ligeiro, foi tecendo loas ao profissionalismo e alto saber desse seu tal amigo, méritos que, segundo me parece, não estão em questão e muito pouco, ou mesmo nada, interessam para este caso que por muito tempo, quem sabe se para sempre, há-de ficar oculto.

 

Outras coisas, também bonitas, podia Sampaio ter acrescentado a favor desse seu amigo que ninguém ia certamente ficar escandalizado. Honra lhe seja feita porque nestas ocasiões é que se conhecem os verdadeiros amigos.

 

Mas, mais que escandalizado fiquei eu ao vê-lo ser regiamente protegido por um amplo pára-águas transportado pela mão alheia de um qualquer súbdito seu que, uns anos depois do seu último mandato, de braço bem esticado e cabeça inclinada, continuava a servi-lo, abrindo e fechando suavemente a porta do majestático carro preto e protegendo-o, gota a gota, da mais que democrática e humilde chuva.          

 

 

 

 

 

 ***

O nosso bem conhecido dr. Jorge Sampaio foi, mais que  apressado, mas também mais que sorrateiro, dizer bem (muito bem) do seu querido amigo José Penedos, o virginal Presidente  até ali  ) da REN que, como outros insaciáveis  pardalões, também  tudo aves muito íntegras, mas de grande papo, inocentemente se deixou envolver numa embrulhada polifacetada que apelidaram de "Face Oculta". 

 

A única ave não rara que ficou em cativeiro, céus!, foi o bondoso  e pródigo sucateiro,  (um bom pardalão) , que, vejam lá! , apenas se limitava a distribuir frescos e gordos robalos, além de outras mais que saborosas iguarias feitas no melhor papel cortado  em forma rectangular , como aquele que é timbrado na nossa Casa da Moeda e noutras Casas similares que se ficam fora das nossas portas, lá pelos estranjeiros deste nosso mundo.

 

 

 

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Vamos em 2017 e a coisa continua oculta!  


Onde estará o pobre do  Godinho?

 

Quem dá, agora, comida aos pássaros? Sabem?  

 

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