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Como vai o tempo

 

Ao virem dizer-nos como vai o tempo, não são raros os palradores que logo na palavra meteorologia começam por tropeçar. Se já muito me cansa e arrepia ouvir pronunciar “metreologia”, ou coisa assim “pracida”, muito mais me fatiga ver que ninguém, nem que fosse a espaços meteóricos, apareça a vir corrigi-los para que, ao menos, não se volte a repetir a calamidade.

 

Alguns destes intempestivos arautos não se ficam por aqui.

 

Umas vezes começam a anunciar-nos que os termómetros vão subir, como se estes fossem balões em noite de S. João, ou outras, que estão a descer como se se tratasse de pais natais a escorregar pelas chaminés.  

 

(Daqui se poderia ecologicamente concluir que poderíamos evitar toda a tralha de aquecedores, ventoinhas e ares condicionados, pendurando, cada um a seu bel-prazer, os termómetros em pregos espetados estrategicamente, desde o chão até ao tecto, a diferentes alturas, nas paredes das nossas casas. Que tal seria a poupança!) 

 

Se chove ou vai chover, os mesmos, ou outros ainda mais eruditos, vêm dizer-nos que cai ou vai cair precipitação, como se a precipitação fosse água da fonte que não secou ou do chafariz que ainda está a funcionar. Não se estranhe, pois, que num dia não muito distante se venha a chamar aos velhos guarda-chuvas “guarda-precipitações”.  

 

Mas, também por aqui não se ficam os ditos mensageiros.  

 

Se o rio transborda, umas vezes foi porque o seu leito subiu uns tantos metros, uma terrível cataclismo, outras porque ao seu caudal a mesma coisa sucedeu, outro tipo de hecatombe nada menos devastadora.  

 

Mesmo que a seca seja assoladora, se está sol está bom tempo, se chove, isto é, se cai a tal precipitação, vamos ter mau tempo, lá se vai o fim-de-semana e que se lixem as batatas.

 

 

 ***

     Como vai o tempo ou como vão os tempos?

 

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