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Da cultura, sem ofensa

 

1.

 

Quando o versátil dr Jorge Coelho era ministro não sei de quê (da Agricultura não chegou ele a ser, creio eu, embora para isso também desse), um dia foi à Assembleia da República gritar, de dedo indicador enfiado na mão oscilante a apontar ameaçadoramente a oposição, qualquer coisa que começava assim e que mais que uma vez repetiu:“Os senhores ainda hádem… Os senhores ainda hádem… Os senhores ainda hádem…“, (do verbo hader, quase que ia jurar),eu fui, a correr, escrever para o PÚBLICO onde saíram umas apreciações minhas acerca desta monumental calinada.

 

2.

 

Quando o actual Ministro da Agricultura, (cujo nome palavra de honra neste momento não recordo, mas acho que é qualquer coisa Silva, e que é um senhor com bom aspecto e um bigodinho finamente aparado), pouco tempo depois de ter tomado posse, disse:“… possa-mos …. “ (do verbo possar, parece-me a mim), eu, também muito ligeiro, mandei umas tretas para aquele jornal que, mais uma vez, teve a gentileza de as publicar.

(Lembro-me agora que o homem se chama Jaime, isso mesmo, Jaime Silva).

 

3.

 

Quando, no dia 16 de Novembro de 2006, ouvi (duas vezes, uma ao almoço e outra ao jantar) um famoso e formoso galã, que foi Ministro da Cultura e candidato à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, dizer:“… esteja-mos …” (do verbo estejar, quase podia jurar), eu, demasiado lesto e a desafiar a idade, ia-me já a levantar da cadeira para escrever mais umas coisas no computador “acerca de” para o PÚBLICO, quando pensei em voz alta:“ vê lá se taleijas “ (do verbo taleijar, isto afianço eu).

 

Desculpem, mas foi só por esta atinada precaução que desta vez nada mandei para o PÚBLICO, como era, por aparente maioria de razão, mais que por meu dever.

 

 

 

***

     O nome do acima referido Ministro  da  Cultura é 

     Manuel Maria Carrilho.

 

 

 

 

 

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