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De regresso aos campos

 

Durante anos e anos joguei apaixonadamente no clube da minha terra que nunca passou da distrital e sempre andou muito tremido nos lugares mais baixos lá do fundo da tabela.


Fora das quatro linhas, comecei muito jovem a apanhar bolas e, dentro dessas mesmas quatro linhas, vagueei por vários lugares do campo, chegando a ser ponta de lança, onde meti alguns golos de certo aparato, no meio de muitas fífias dispersas.

 

Acabei por me fixar no lugar de guarda-redes, de todos, o lugar que mais me encheu e onde cheguei a fazer uma meia dúzia de defesas de que ainda hoje muito me orgulho e jamais esquecerei.


Cheguei, em certa altura, muito mais pelo meu porte temperamental do que pelo atlético, a capitão da equipa.


Confesso, desportivamente, que dei imensos pontapés na atmosfera, meti um sem número de golos na própria baliza e, enquanto guarda-redes, deixei entrar os mais inocentes e comprometedores frangos.


Em certa altura, resolvi dizer basta, o meu tempo já passou!
Da bancada, de boné de pala curta, com uma fofa almofadinha por baixo e uma bela manta escocesa sobre os joelhos, continuei a participar, assistindo a todos os jogos.

 

Não raras vezes, me exasperei com as actuações dúbias dos árbitros e me desatei a rir da aselhice da maioria dos participantes, fossem eles da minha ou da equipa adversária.


O clube está de pantanas. Ver os jogos… não basta!

 

Estou na disposição de voltar a calçar as botas, na condição de ter alguém que lhes aperte os cordões e vá buscar as bolas ao fundo da baliza.

 

 

 

***

Mário Soares, uma pessoa fixe e com a próstata em muito bom estado, anuncia a possibilidade de, apesar de só ter 80 anos, se voltar a candidatar à Presidência da República. 

O seu  velho e pomposo camarada Manuel Alegre, que também queria fazer  poeticamente uma perninha, que se vá lixar.

E vice-versa!

 

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