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Em busca da salvação

 

Creio que estou a ficar louco, mas, desta vez, louco mesmo a sério.


Não quero ir ao médico porque sei que ainda mais doido de lá vou sair. Pela certa que vou encontrar outros, tanto ou mais loucos e desesperados que eu, às tantas também o próprio médico, se for uma pessoa competente e tida como normal do juízo.

 
Umas vezes apetece-me juntar ao extenso grupo dos que dizem mal, mesmo das poucas coisas que parecem estar bem, outras dá-me vontade de juntar ao mais reduzido número dos que andam a dizer bem, e até imensamente bem, mesmo das muitas coisas que salta à vista estarem mal.


Começo a não descortinar, e isso verdadeiramente é o que mais me martiriza e dá cabo de mim, a diferença entre o que está mal e o que nos dizem estar bem. Conto com todos os dedos que Deus me deu tudo o que me parece está bem, não tenho dedos suficientes para contar o que está mal.

 

No auge do desespero, em busca duma justificação que me dê algum sossego, chego mesmo a contar e recontar os meus próprios dedos.


Já pedi muitas vezes aos velhos amigos que, como eu, são do tempo, em que, entre muitas outras coisas, se aprendia muito bem a contar e a fazer contas, que me contassem os dedos. Até hoje, sempre lhes ouvi a mesma resposta: “Tens 10, pá, cinco em cada mão! Já agora, não te importas de contar também os meus?”


Para tirar as teimas e acabarmos com este longo e penoso martírio que, afinal, a todos nós afligia, decidimos recorrer a uma espécie de tribunal, de que por acaso acabamos agora ouvir falar, e que é, segundo dizem, muito entendido em fazer contas.


Sabe-se lá, em qualquer sítio pode estar a nossa salvação!

 


 

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Guilherme de Oliveira Martins (do PS) é escolhido (pelo governo maioritário PS) para presidente do Tribunal de Contas (do PS).

Mais um "boy" que se acomoda?

 

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Não foram editadas algumas  partes do texto 

 

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a posteriori, em Janeiro de 2010, 

Guilherme de Oliveira Martins tem-se mostrado extremamente isento e competente. Cumprimento-o e peço-lhe perdão. 

 

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agora, estamos em Fevereiro de 2017.

Estou a  dar uma vista de olhos para o que para aqui escrevi. 

Guilherme de Oliveira Martins continua a merecer a minha maior consideração.

 

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