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Fino sim, parvo não

 

No meio da vergonhosa turba de gente, cujos nomes andam pelas sarjetas nauseabundas e pestilentas que correm a céu aberto, por toda a parte e não apenas no nosso país, aparece também o de Manuel Fino, um homem viciado no trabalho, bastante inteligente, de enorme visão e raro espírito de iniciativa.

 

Apesar dos seus jovens e lúcidos oitenta e mais alguns bons anos, continua a viver, como sempre o conheci, imparavelmente obcecado pelo jogo de amontoar dinheiro e mais dinheiro, como se brincasse absorto num gigantesco e delicado “puzzle” de peças de encaixar.

 

 Para todos os invejosos, mais os outros que fingem que o não são, isto é uma doença que aos próprios definha e acaba por matar, mas para Manuel Fino este incurável mal, de que sempre padeceu, tem-lhe prolongado a vida, a juventude e a grande razão de viver.

 

Se alguém na Caixa Geral de Depósitos, o banco de todos nós portugueses, decidiu tomar decisões, com base em coisas ocultas que ninguém entende, nem ninguém parece preocupado por não nos conseguir fazer encaixar, porque há-de Manuel, que para mais é fino, armar-se em parvo e recusar as benesses que lhe oferecem de mão beijada, uma mão que a quase todos nós, os tais portugueses, tanto apetecia morder?

 

 

 

 

***

Trabalhei muitos anos para Manuel Fino e reconheço-lhe muitas das virtudes que nesta crónica apontei.

O que ficou escrito pretendia essencialmente atingir o presidente da CGD que, como outros figurões de proa, não defende, como seria seu dever, os interesses dos demais portugueses, como eu vítimas indefesas  das suas manobras, artimanhas e inconfessáveis interesses.  

Manuel Fino não é um santo, mas, com maior ou menor santidade, é alguém que respeito e por quem continuo a nutrir a mais sincera amizade.

 

***

Manuel Fino, no mesmo dia em que saiu a crónica no PÚBLICO, telefonou-me à noite. Vi que estava ofendido. Apesar da sua inteligência, não percebeu onde eu queria chegar. Que fique bem claro o seguinte:

não era a ele, Manuel Fino, quem eu queria atacar. Era sim ao tal homem, chamado Faria de Oliveira, que, na altura, geria,( e continuou a gerir!), o tal banco, a CGD, que não é só dele, mas também do resto dos portugueses;  era a mão deste " imprestimoso" senhor  que eu, embora muito enjoado, me apetecia morder.

 

   

 

 ***Uma leitora do Público, logo no dia seguinte, reagiu assim:

 

Nem todos somos iguais nem "finos"

 

De facto, o Manuel Fino, é fino e de parvo não tem nada, é certo. No entanto, falta-lhe integridade.

E isto é válido para todos, mesmo para os invejosos. Saiba o senhor Isolino Almeida Braga que há pessoas que, não sendo parvas, não são canibais de um sistema deficiente.

E a mão que alguns comem é a mão de todos nós.

Entendo perfeitamente o que o senhor quis dizer, mas considero incorrectas as suas afirmações porque se há "gente que passa fome, há também muita que come", mas não vamos publicamente incentivar a falta de integridade só porque algum (como diz, talvez a maioria) não a tem.

Não se pode generalizar desta forma porque nem todos somos iguais e muito menos "finos".

 

Rosa Matilde Lopes, Lisboa

In PÚBLICO de 04.Mar.2009

 

***

Fica só para mim e para os que vêm aqui espreitar o que eu gostaria de dizer a esta atenta  leitora, e que é o seguinte:

 

Não sei onde a Senhora dona Rosa Matilde Lopes me ouviu falar na  integridade ou não integridade de Manuel Fino. O que me levou a escrever a carta que enviei para o "PÚBLICO", foi a obscuridade do negócio demasiado trapalhão que a Caixa Geral de Depósitos, um banco de todos nós, fez com o fino do Manuel. Neste caso, é a integridade da "nossa" Caixa que me interessa e está em questão.  A tal mão que me apetecia morder, era a de Faria de Oliveira, Administrador da CGD, que a Manuel Fino, muito abusivamente, fez (a que preço?) um "certo" favor muito badalado na imprensa.

 

 

 

 

 

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