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Jóias mal encastradas

 

O Palácio Póvoas, bem no centro de Portalegrte, é uma jóia rara de arquitectura com que a cidade de Portalegre foi contemplada e de que bem se pode orgulhar. Está no seu centro cívico, onde tudo desagua, e lá funciona um posto de turismo e uma galeria para exposições de arte. Muito acertada me parece ter sido a escolha do local para satisfazer estes dois propósitos.

Bem perto, também muito acertadamente, foi colocado um posto electrónico de informações que, permite a visitantes e autóctones obter nas pontas dos dedos informações úteis de vária ordem, mais ou menos rapidamente, conforme o à-vontade com que cada um dedilha estas coisas banais dos tempos modernos.

Quer uma quer outra destas estruturas devem ser tratadas de forma exemplar para que cativem e deixem, logo à entrada, a quem nos visita a melhor das impressões e aos que cá vivem o dia a dia o prazer de verem que há quem cuide diligentemente das coisas que nos são comuns.

O Palácio Póvoas e tudo o que o rodeia num extenso raio de acção deviam ser tratados com dedicado esmero e redobrada atenção, longe de se pretender exibir uma linda obra de fachada que pudesse, uns escassos metros mais à frente, numa transição brusca, tudo deitar por água abaixo.

Mas vejamos o que se passa, mesmo em frente do seu passeio, que logo faz desconfiar qualquer um mais ou menos atento. Repare-se na miserável placa que lá todos os dias põem à porta, como quem vem anunciar “Vendem-se Pêssegos e Melões” e, afinal, vem indicar solenemente que ali é um “Posto de Turismo e Exposições”.

Quem de longe, numa perspectiva global, quer abarcar com a vista todo o edifício, esbarra irremediavelmente naquela meia dúzia de carros que ali podem, (mas não deviam poder), estacionar e em duas placas de trânsito que anunciam o que muito bem lhes apetece, sem terem qualquer respeito por quem lhes fica por trás.

No passeio, perdi na memória os anos que já lá vão, junto a um poste, está montada uma armadilha constituída por quatro pernos salientes a que um dia se fixou, ou esteve para se fixar, qualquer outra coluna, companheira da que lá está. Não sei se alguma vez ali alguém caiu, mas se tal lhe sucedeu e ia ao posto de turismo ou ver uma qualquer exposição, garanto que, se não foi logo ali tratado, foi decerto parar ao hospital sem nunca mais ter pensado em pedir a tal informação ou ver uma só peça da exposição que ali ocorria.

O tal evoluído INFOCID não “infocida” (vem de informar + cidadão) ninguém. Só “estorcida”, (vem de estorvar + cidadão), a muita gente que lá passa e o pouco trânsito automóvel, que galga abusivamente o passeio, sem haver alguém que arranje uma solução alternativa para dali definitivamente o desviar.

A cabine telefónica exclusiva dos senhores taxistas, ali a meia dúzia de passos, é de inconcebível construção, direi que digna da próxima rotunda monumental que se venha a construir em Portalegre.

Metendo a foice em seara alheia, atrevo-me a sugerir que, se tal vier a acontecer, se ponham duas pombinhas brancas lá dentro, significando a Paz em que podiam viver todos os que não são indiferentes a estas coisas de lana-caprina, que parecem ser tão pequeninas e, afinal, são por demais importantes.

 

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