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Nunca mais é Páscoa

 

A malta anda distraída, quando, mais que nunca, deveria estar atenta ao que por aí se está a passar. Mas quase toda ela aceita, com sorrisos pálidos e conformados, não apenas tudo o que de mais indecoroso vê à sua volta e lhe deveria ferir os olhos, mas também tudo o que de mais obsceno ouve e lhe deveria importunar os ouvidos.

 

A malta, mais uma vez, cansou-se e está resignada como nunca antes parece ter estado. Como outrora, os maus resultados do seu clube favorito preocupam-na muito mais que o que de muito grave se está a passar à sua volta.

Tudo passou a ser normal e aceite como uma fatalidade.

 

Fazem-se vergonhosos conluios. Algumas casas têm tão aberrantes costumes que nem nas casas de maus costumes a alguém passou pela cabeça, um dia, poderem vir a ter.

 

As denúncias mais graves acabam por ser consideradas fantasias de crianças imaturas ou heresias de adultos calejados sem escrúpulos. Os culpados sentem-se impunes e, altivos, chegado o momento, contra-atacam, passando sem rebuço de acusados a acusadores.

 

Com uma frequência assustadoramente crescente, mas já sem causarem qualquer surpresa a quem quer que seja, novos escândalos vêm a toda a hora juntar-se aos outros ainda latentes, acabando todos eles por se mascararem para este eterno carnaval que estamos a viver sem Páscoa à vista. 

 

 

 

 

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No vergonhoso e repugnante caso Casa Pia, os novos acusadores, num gesto de extrema benevolência, prometem não processar as crianças "difamadoras".

Fica-lhes bem esta tão nobre atitude. Essas fantasiosas  crianças não mais os esquecerão.

 

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Na Caixa Geral de Depósitos é um velho costume promoverem os funcionários que dela se desligam e vão trabalhar para a concorrência. Tudo boa gente!

 

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