top of page

O futebol é outra música

 

Receio que muito poucos saibam que Viana da Mota foi um dos maiores pianistas portugueses e um dos últimos alunos do celebrado compositor e virtuoso pianista Franz Liszt que todo o mundo, húngaro ou não, conhece e, talvez para sempre, há-de venerar.


Liszt ficou imortal e deixou de viver em 1886. Viana da Mota, que morreu em 1948, não vai assim tanto tempo, também foi compositor, ainda é por muitos lembrado, principalmente, como um dos mais notáveis pianistas do seu tempo.


Ninguém pretende fazer comparações bacocas entre os dois, mas tendo Viana da Mota sido o artista que foi, e, além disso, português como nós, era de esperar que, ao menos por mais uns tempos, dele falássemos e tentássemos por tudo guardar a sua memória.


Mas, muito pelo contrário, já começaram alguns medíocres tacanhos a apagar o seu nome de alguns lugares e não tarda que, dentro de pouco tempo, pouca gente saiba quem ele foi e mesmo se alguma vez existiu.
Vejam este exemplo edificante.


A nossa transportadora aérea, a bem conhecida TAP, que dava continuadamente prejuízos aterradores e que, agora, com a ajuda duns invejados brasileiros, (dizem que muitíssimo bem pagos), está melhorzinha e começa finalmente a levantar voo, saindo da tortuosa pista que usava e que parecia ter sido para si sempre destinada. Passou, pelo que se vê nos resultados, para uma outra pista de melhor traçado, desanuviada e com vento mais a favor. Bem bom!

 

Muito obrigado pela pequenina parte que a mim toca e muitos parabéns aos que para  tal estão a contribuir. Vou mais longe: se for preciso dar ainda mais dinheiro aos tais invejados salvadores (da Baía?), para eles fazerem ainda melhor e mais nos aliviarem dos encargos a que, desde há longo tempo, vínhamos sendo condenados, aqui fica lavrado o meu acordo para que o façam desde já, mesmo com retroactivos, se tal claramente se justificar e assim for julgado por bem.


Ponho apenas uma condição: se se apurar que foram eles que decidiram ou cederam ao reles pedido de mudar o nome dum avião que se chamava Viana da Mota e se passou a chamar Eusébio, despeçam-nos com justa causa e mandem-nos num avião supersónico fretado numa outra companhia qualquer para a terra onde nasceram, que eu prefiro continuar a pagar, embora alegremente incomodado, a minha parte nos prejuízos gerados por outros gestores que, ao menos nesse aspecto, não me deixem ficar envergonhado.


Se querem brincar aos nomes dos aviões, façam como eu, por que não compram um qualquer novinho em folha, ou mesmo em segunda mão com garantia, e o baptizam com o nome e a pompa que muito bem lhes der na gana?
 

 



*** Ainda não voei no Eusébio

 

bottom of page