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O milagre de não morrer

 

Àquela mãe que perdeu o marido num acidente de trabalho, fez agora dois meses, e que também perdeu o emprego, já lá vão quatro anos, porque a fábrica onde trabalhava resolveu fechar aqui para abrir noutro sítio, (até aí fechar para mudar, outra vez, de sítio), resta-lhe a riqueza dos seus dois filhos ainda muito pequenos, uns trapos e a obrigação imperiosa de ter de viver.

 

Sem ter quem lhe dê trabalho, sem ter quaisquer outros meios, ela faz o milagre de viver com aquela pensão que até aos pobres envergonha e que mal lhe dá para passar fome.

 

 

Os seus velhos pais, que há muito se arrastam na vida, com meios que não chegam a ser escassos e que nem já os envergonham, não têm forças, nem sequer vontade, para pensarem no que é ter fome.

 

Vivem indiferentes, à espera não sabem de quê e sem esperança do que quer que seja. Há já muito tempo, que ignoram mesmo o que é isso de ter esperança.

 

Quando souberam, com lágrimas há muito choradas, do drama da filha, que ia ficar na rua sem ter onde se abrigar, logo lhe escancararam a porta da humilde casa onde sempre viveram e onde ela, como os seus irmãos, nasceu e foi criada.

 

 

Vivem agora todos, com algum calor, amparados entre si, mais unidos do que nunca e, todos, todos os dias, naquela casa se faz o milagre de continuar a vida. 

 

 

Fico feliz por saber que um dia os nossos netos vão poder rezar com fervor aos pés desta gente, ainda sem nome nem orada, que teve o direito de entrar, sem pedidos nem favores, na enorme casa do Céu.

 

 

Já não irei a tempo de os saber Lá nem de lhes ir rezar aos pés, mas aqui e já hoje, lhes rezo a mais sentida oração. 

 

 

 

*** O Papa João Paulo II e as suas quase sem conta beatificações e canonizações.

 

 

*** Segundo as leis da Igreja, um milagre comprovado dá direito a ser Beato. Dois já chegam para fazer um Santo.

 

 

 

 

 

 

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