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O país precisa de todos

 

Concordo que o país possa precisar de muitos, mas não precisa seguramente de todos. Vamos lá a ver: se precisasse de todos, precisava evidentemente de mim. Mas quem sou eu para que o país, tão confiadamente, sem saber bem quem eu sou e do que sou capaz, no meio destes dez milhões, precise assim tanto de mim?


Se eu fujo a pagar os impostos, se eu não cumpro as leis, se eu deliberadamente estorvo, se eu sou um corrupto desavergonhado, se eu em tudo ando em contra mão, se eu faço todo o tipo de patifarias, se eu pratico as maiores infâmias, digam-me lá, sinceramente: o país precisa de mim ou, muito pelo contrário, necessita, quanto antes, de se ver livre de mim?


Conhecendo-me como me conheço e sendo eu aquilo que sou, acham que vai chegar alguma vez a altura em que eu, feito néscio imprudente, vá dar a cara? Para quê? Para me fotografarem e encaixilharem, correndo a minha fotografia o risco de andar dum lado para o outro, de parede em parede, sempre deixando uma marca sombria e indelével no sítio onde uma vez esteve pendurada. Não!


Nisto sou muito honesto e, sem virar as costas nem encolher os ombros, modestamente vos peço que, desta vez, não contem comigo.


O país não precisa de mim, sou eu, pela certa, quem precisa de outro país.

 

 


***2005 _ Freitas de Amaral quando, sem vergonha, passou a fazer parte do “socrático” governo socialista dissse  umas coisas algo parecidas.

 

As vicissitudes por que a sua foto encaixilhada passou foram uma brincadeira baixa, mas merecida, que o seu antigo CDS, agora CDS/PP, lhe fez. Todavia, seria bem mais correcto terem-no mandado, muito educadamente, à mer...

 

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