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O zero e o infinito

 

A recontagem dos votos no Estado da Florida para a escolha do futuro Presidente dos Estados Unidos merece um pouco de reflexão a quem não detesta a matemática. Faz-se a recontagem porque apenas uma diminuta margem de votos (tendência para zero) separa os dois candidatos. Essa pequena diferença pode ser decisiva para a escolha de um deles.

 

 Se a diferença fosse significativa, da ordem dos milhões (tendência para infinito), admitia-se logo que não podia haver fraude, não se faria essa recontagem, não se perderia tempo e quem tivesse mais votos estava eleito sem mais maçadas, ficando uns conformados e outros todos contentes. 

 

Agora usemos raciocínio idêntico, aplicando a universalidade da matemática, aos nossos problemas e à dimensão do nosso país. Sirvamo-nos de exemplos reais bem conhecidos.

 

 Uma senhora contribuinte, sem saber e sem ter qualquer culpa, deve um escudo ao fisco. Este faz e refaz contas, dada a discrepância e especialmente a importância em jogo (tendência para zero).

 

Está certo, regozija-se o fisco, a senhora deve mesmo um escudo ao Estado! O seu hediondo crime fiscal não é para já ameaçado com penhoras mas, para que ela aprenda, o Estado não lhe devolve tão cedo uns milhares de escudos que lhe está a dever enquanto ela não pagar o famigerado escudo.

 

 Um outro contribuinte, pássaro de maior envergadura, emite umas facturazinhas falsas de milhões (tendência para infinito). O fisco, como sempre rigoroso, quase religiosamente, sem contar nem recontar porque não se trata de tostões (tendência para zero), devolve-lhe sem pestanejar os milhões a que ele tem direito segundo as facturas que apresentou atempadamente.

 

Agora venham dizer-me que a matemática não é mesmo uma coisa bonita.

 

 

 

           

 

*** Acerca da 1ª eleição de G.W. Bush

 

 

*** No Público, esta treta saiu com o título "Florida"

 

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