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Para tentar acabar com a roubalheira

 

Na minha opinião, todos os clientes bancários deveriam passar a estar obrigatoriamente filiados num partido político, sem o que não lhes seria permitido abrir conta nem fazer qualquer tipo de operação que metesse movimentação de massas.  

 

Haveria um banco por cada cor partidária representada na Assembleia da República, mais um outro, a que se poderia chamar Banco Geral, destinado aos cidadãos nela não representados, a saber:

 

os cujos partidos nela não tiveram assento, os apartidários, os desinteressados pela política, os anarquistas, e, “last but not least”, (fica sempre bem uma pincelada de inglês), a assustadora e galopante chusma de tesos, fossem eles mendicantes ou não.

 

Este banco seria gerido por um regulador de ultra confiança, o equivalente activo ao do actual Banco de Portugal, que teria em relação a este a clara vantagem de poder exercer uma muito mais elevada e oportuna vigilância, evitando, ao menor sinal de desregulação a consequente bagunça festiva a que já nos estamos quase, quase a habituar.

 

Tal banco teria, como agora acontece, um governador que, com todos os seus parceiros de governação, continuaria a cozinhar, com luvas muito bem esterilizadas, os seus próprios vencimentos, neste caso por toda a população indígena alegremente aceites sem qualquer contestação e, auguro eu, com o mais entusiástico aplauso e até com o incitamento para que melhor e mais abundantemente se servissem.  

 

Quem quisesse mudar de banco, obviamente, teria de mudar de partido. Estar filiado em mais que um partido, como agora vem acontecendo, seria severamente punido com pena de prisão efectiva, isto é, à sombra, muito bem atrás das grades, com perda de todos os montantes por si depositados, os quais reverteriam a favor do hipoteticamente chamado Banco Geral.

 

Seria colocada na cela de cada infractor uma bicicleta gímnica para a sua manutenção em boa forma física, e, para a sua forma anímica, um exemplar dum bom manual da arte de bem passar o tempo em toda a cela.

  

Para poder apagar um pouco o passado de cada arrependido, para a mudança de partido, e consequentemente de banco, seria estabelecido um período mínimo de vinte anos de abstinência, após o que cada um, esquecido pela maioria mais jovem o seu cadastro político, poderia finalmente obter o seu actualizado cartão de militante e abrir, finalmente, conta no banco da sua nova cor.

 

Pretensiosamente, aqui fica esta minha brilhante ideia.

 

  

 

 

 

 

***

Vital Moreira, um ex-furioso e ortodoxo comunista (estalinista) filiado no PCP, que na Assembleia da República outrora zurziu odiosamente em todos os outros partidos, o PS incluído, foi convidado em 2009 por José Sócrates para candidato número 1 da lista de deputados do PS ao Parlamento Europeu. E, como sempre vaidoso, Vital, muito honrado com o convite,

aceitou!

 

Um dia, na rua, quando em campanha, uns ex-camaradas seus quiseram dar-lhe uns sopapos por ter mudado de camisa, ele, sempre sorridente, disse que já lá iam 20 anos. 

 

Perante o vergonhoso escândalo do Banco Português de Negócios, BPN, onde uma série de gente graúda envolvida está de facto ligada ao Partido Social Democrata (PSD), Vital, porcamente, generaliza e diz que aquele famigerado banco representa este partido.

 

Oxalá não lhe venham a cair pedras no seu frágil edifício que, além das paredes, também tem todas as telhas feitas do mais reles e quebradiço vidro.

 

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