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Prenda de Natal?

 

Alguém no Ministério da Educação teve a ideia de que nem todos os que pretendem aceder ao ensino superior necessitam de fazer alguns exames de matérias não ligadas à área que pretendem seguir. Muito bem (e também muito mal), de cultura geral, e para a geral, já basta!


Estou de acordo que quem queira seguir medicina não tenha de encornar** o sistema triclínico da Geologia, tal como concordo que a quem queira seguir Mineralogia não tenha de empinar o que são e como se formam as pedras nos rins.

 
Mas arrepia-me saber que alguém, para mais encaixado dentro do Ministério da Educação, tenha sequer pensado que o português é uma das matérias tidas como dispensáveis, que não interessa a todos os cursos, quando, de facto, e está mais que dito e redito, interessa, não apenas a quem quer ter um curso, mas sim, muito e sem a menor excepção, a toda a gente.


É claro que, depois, temos de aceitar que alguém esteja convencido que triclínico é um médico que tem três especialidades e que as pedras renais existem espalhadas por toda a região da Lapónia, mesmo nos dias em que não há prendas nem é Natal.

 

 

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Está tudo dito. Será que eles, os senhores de Lisboa, como diz o A. João Jardim, vão mesmo levar a sua avante?

 

 

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No PÚBLICO substituíram, creio que por consideração aos seus leitores e às suas leitoras mais  sensíveis, "encornar" por "empinar", aparecendo assim o empinar duas vezes, a curta distância. 

Como se sabe, encornar, empinar, marrar são termos um pouco duros correntemente usados na gíria académica, sem terem qualquer sentido pejorativo.

 Qualquer um, e até uma, diz : estive a encornar aquela porcaria até às cinco da matina... ; ontem, estive a empinar aquele frete todo o santo dia ...;  vou marrar aquela merda, senão ainda me lixo e lá se vai mais um ano pró galheiro.

No meio disto tudo, merda é a única coisa que se pode considerar menos polida. Talvez que porcaria também possa ferir alguns leitores mais sensíveis.

 Porra, mas  tudo isto é português, e do melhor!

 

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