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Que fique tudo bem claro

 


Verifico por mim próprio e pelo que vejo todos reconhecerem, que sou uma pessoa trabalhadora, honesta e competente. Esse meu mérito tem-me valido ser convidado para exercer funções noutras empresas do grupo pertencente ao mesmo patrão, sempre que elas necessitam dum empurrãozinho que eu saiba e possa dar.


Tenho trabalhado em cada uma delas uma média de cinco a seis anos, sendo sempre, muito razoavelmente, bem pago. Como reconhecimento do meu mérito ou demérito, de cada vez que saio de uma e me metem noutra, fico com uma reformazinha vitalícia, que, cada uma por si, chegaria muito bem para eu viver desafogadamente, com toda a dignidade e sem ter de andar nas imundas bocas do mundo.


Aqui há uns meses, foi-me dada a honra de ser convidado para ser treinador do clube de futebol do grupo empresarial a que pertenço, que milita nos últimos lugares da terceira divisão C e a quem a despromoção, cada ano que passa, mais ameaça vir a ser um facto.


O clube está, como eu no fundo bem sabia, em muito maus e sujos lençóis, o que me fez na altura pensar se havia ou não de largar aquilo que andava tranquilamente a fazer, que até me dava muito mais dinheiro e, de longe, muito menos freimas.


Agora, vejam lá, querem que eu abdique das minhas legais e legítimas reformas, que ao longo dos anos fui conquistando, e viva apenas com a miséria do vencimento de treinador com que me querem pagar.


Já aviso, só fico nestas condições se, daqui a mais ou menos quatro anos, me devolverem as reformas de que temporariamente abdiquei mais a reforma de treinador a que vou ter direito, mesmo que o clube desça de divisão.

 


 

 

*** Cá para mim, é excessiva a falta de vergonha duns bem conhecidos pássaros na acumulação de chorudas reformas e lautas mordomias.

O problema é que quem pode ter mão nisso  já está de olho aberto à espera da sua vez.

 

 

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