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Ralações humanas

 

Ver um homem de mão dada com outro homem incomoda-me, ver um homem a beijar outro homem, além de me incomodar, enoja-me, e ouvir dizer que há muitos homens a fazer isto ou aquilo com outros homens incomoda-me, enoja-me e apavora-me.

 

O saber que eles fazem tudo aquilo que me incomoda, me enoja e me apavora, em privado, aquece-me e arrefece-me, porque me incomoda imaginá-lo, porque me enoja sabê-lo e porque me apavora ouvir dizer que há gente que acha tudo isso normal, uma conquista de liberdade e, cúmulo dos cúmulos, um sinal de progresso.  

 

Há, pelo que dizem os estudiosos, uma percentagem elevada de portugueses que considera esse tipo de relações erradas, que o repúdio a este tipo de relações é globalmente alto e que muitas das mentalidades não estão muito abertas à homossexualidade.

 

Vamos agora supor o dia que, por este acelerado voar das coisas, eu prevejo muito próximo, os estudiosos, quem sabe se estes mesmos, me levam a alterar o parágrafo anterior e eu o venho a reescrever assim:

 

“Há, pelo que dizem os estudiosos, uma percentagem pequeníssima de portugueses que considera esse tipo de relações erradas, que o repúdio a este tipo de relações é globalmente baixíssimo e que a maioria esmagadora das mentalidades está totalmente aberta à homossexualidade.”

 

Quem nem se incomodar, nem se enojar, nem se apavorar com tudo isto que me diga.

Vou viver, sei lá se sozinho, para um sítio idílico e quase despovoado, onde, quando muito, só se vê gente quase a ficar tranquila, ainda com cara de quem esteve muito incomodada, imensamente enojada e terrivelmente apavorada.    

 

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