Quando ainda não tinham sido estabelecidos os sistemas de unidades de medida, muitas das unidades padrão, especialmente as de comprimento, eram colhidas no alfobre vocabular dos nossos membros superiores e inferiores.  

 

Antes de se atirarem aos membros, cheira-me a que os nossos antepassados devem ter começado por efectuar as medições a olho, como ainda faz hoje muita boa gente, e também aquela considerada muito má, tendo sido gradualmente introduzidas medidas mais fiáveis e fáceis de comparar. 

 

Medir não é mais que comparar e, como atrás foi dito, aos braços e pernas se foram buscar alguns dos toscos padrões, ainda hoje utilizados em muitos sítios do mundo, mesmo nos considerados mais civilizados, onde até os mais ilustres cientistas, muitas vezes, nos seus cálculos os continuam a empregar.

 

E é assim que ainda hoje se usam, como unidades de comprimento, o pé, o passo, o braço, a braça (de braço), a mão, o palmo, o dedo, a polegada (de polegar), a unha, etc. 

 

Um pé equivale a cerca de trinta centímetros, uma mão corresponde a dois palmos, a polegada a cerca de dois centímetros e meio, etc. etc.  

 

Neste ainda não totalmente obsoleto sistema de unidades, a unha é uma submúltiplo do dedo e daí que se diga que quem se safa por uma unha se safa muito à rasca, e que quem se safa por um dedo, embora muito a custo, lá se vai safando.  

 

Mas, eis que aqui aparece uma das grandes e enigmáticas incoerências do sistema: por dois dedos, poucos são os que se conseguem safar.    

 

 

***

 Na nossa Assembleia da República, o Ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, perdeu as estribeiras e, virado para o deputado comunista , Bernardino Soares, (que se calhar o ofendeu), sem meias medidas, pôs com os seus dedos indicadores dois cornos, os chamados cornos digitais, na sua própria testa.

Logo após, lesto, saiu pelo seu pé por uma porta lateral, sendo depois despedido das suas funções governamentais. O seu colega de governo e Ministro das Finanças, chamado Teixeira dos Santos, acumulou a sua pasta até que um outro par de cornos o acabem por levar também.