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Sempre, de eu pequenino até ao fim da sua vida, a Tia Luísa muito me estimou e, para ela, sempre fui o menino que era neto da minha Avó (materna) a quem eu conhecia como a Mãe da Escola. A minha Mãe a sério era a Mamã, se calhar para puxar um tanto ao fino, mas suspeito que mais por imposição da minha autoritária Avó que não se queria sentir velha com o popularucho tratamento de avó. E foi assim que eu também nunca tive (salvo seja) um Pai, mas sim um Papá. Julgo que é daí, por esta e por outras razões também de peso, que vem a expressão “vai chamar pai a outro”.

 

À minha Avó, que era directora residente na Escola Primária das meninas, giroflé, giroflá, tratei-a muitas vezes por Mãe, o que muito a rejuvenescia e provocava aliviadoras descargas de fígado, evitando idas mais frequentes ao Gerês, onde ficava no Hotel Maia em regime de pensão completa, nada de fritos e gorduras nem vê-las, minha Senhora. Mas a maior parte das vezes tratava-a pelo que me vinha à cabeça: umas pelo seu primeiro nome, que era Rosa, e outras pelo nome do meio, que era Pinto. Por Almeida, sabe-se lá porquê, nunca a tratei, e muito menos por Silva que era o apelido do meu avô que se pisgou para o Brasil deixando-a “só” com um rancho de filharada presente neste atribulado mundo, mais o meu tio António ainda um tanto ausente, mas comodamente hospedado na sua albergadora barriga muito bem preso pelo seu curto mas forte cordão umbilical. Não fosse o meu avô ter fugido, seria eu hoje um vulgar Silva e não um raro Almeida, para mais, tal como a minha Avó, com um enobrecedor “de” atrás e tudo.  

 

Hoje tenho remorsos de não ter convivido mais intensamente com a minha Tia Luísa que, estou certo, teve muita pena de não poder vir dar um saltinho aqui a casa para me ver e dizer ... Adeus.

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