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Telescópios

 

Quando ouço falar em observatórios, quer queira quer não, já sei, a primeira coisa que me vem à mente é um telescópio.

 

Num ápice, caio em mim e, noutro ápice, começo a tremer ao pensar no infindo e prolífero número de observatórios que se vêm criando por tudo e por nada, e, como quase todos também sabem, para tudo e para nada, a não ser para recompensar alguns amigos mal encaixados.

 

A coisa derrapou ..., observatório! A coisa tardou ..., observatório! Não vão eles dizer que …, observatório! …

 

Eu, no meu modesto observatório caseiro, abro a janela, enfio por ela o tubo do meu telescópio voltado ao contrário, (objectiva para cá e ocular para lá), e topo tudo, comodamente, sem sair de casa e, julgo eu, sem me ninguém me ver.  

 

Vejo-os muito pequeninos, a moverem-se e observarem-se mutuamente, (num muito mal disfarçado “eu observo-te a ti e tu observas-me a mim”), lá muito ao longe, comigo a fruir do espectáculo no mais repousante e longínquo dos infinitos.   

 

 

 

 

***

      resolveram criar Observatórios para tudo, para que não se veja nada.

 

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