Transferências de inverno
Chega o Inverno e é isto: os clubes, na compreensível ânsia de ganharem tudo e a todos, procuram reforçar-se, buscando no mercado nacional e internacional pedras julgadas importantes para reforçarem as suas equipas. Como se tem visto no famigerado futebol, jogadores há que na mesma semana podem jogar em dois clubes, o novo e o antigo, podendo, nesse curto espaço de tempo, marcar golos, para qualquer dos lados. Parece um tanto bizarro, mas desporto é desporto e, aí, cada um pode fazer o que muito lhe der na gana que eu estou-me completamente nas tintas.
Assim se pudesse passar o mesmo no quadro da União Europeia onde, para bem de todos os seus membros e benefício dos seus povos, muitos arranjos se poderiam encontrar, resolvendo-se muitas das crises nacionais em duas ou três penadas políticas, o equivalente a dois ou três vulgares lances futebolísticos.
Suponhamos, (isto, claro, é apenas uma mera suposição), que o engenheiro Sócrates não sabia dar conta do recado e que Portugal se tornava ingovernável (uma outra pura suposição). A Europa, sempre coesa e solidária, tomava uma rápida e drástica decisão: até que as coisas se componham, José Sócrates vai uns tempos para a Alemanha em troca com Angela Merkel que vai para Portugal. (Neste caso muito particular, a ida de Vítor Constâncio para o Banco Central Europeu, só por si, obrigaria de imediato Merkel, com o seu sorriso ainda mais ténue, a ter de aceitar).
Se a coisa não desse, facilmente outra transferência se arranjaria, candidatos há-os por aí aos montes, e a coisa acabava por entrar nos eixos, nem que fosse preciso fazer trocas e mais trocas, com as mais inimagináveis baldrocas pelo meio.
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Escrevi esta crónica em Fevereiro de 2010.
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Vítor Constâncio, como tantos outros nossos valerosos navegantes, vai mudar-se para outro barco de maior calado, o que lhe vai dar mais uns milhares de eurecos para sobrepor ao seu já pomposo e afrontoso vencimento.