
Um país de dotados
Quem tirou um cursozinho, aqui há um bom par de anos, sabe que, no velho liceu, tirar para cima de 12 não era tarefa ao alcance de qualquer um.
Reprovava-se com 9; passava-se com 10; com 11 não era nada mau; 12, já era bom; 13, merecia parabéns; 14, levava abraços; 15, nem se fala e com direito a foguetório na terra; 16, o tipo era meio lunático; 17, era mesmo lunático; 18, era uma barra; 19, era fora de série; 20, era tudo isso e tinha uma grande cunha.
Fizeram-se, então, muitos bons médicos com o dezinho, muitas trutas com 11, bons especialistas com 13 e 14, investigadores com 15 e 16; e, com mais que isso fez-se pouca coisa, pois sabiam muito mas, na prática, andavam distraídos e raros se safavam, salvo honrosas excepções.
Hoje é o que se sabe. Todos têm 19 e 20, o que faz concluir que a massa cinzenta dos portugueses aumentou explosivamente, o que, para mim, não é de bom augúrio em fim de milénio.
*** Juro que era assim e que passou a ser assado, para não dizer cozido, como dizemos no Porto .