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Umas simpatias

 

O dr. Alan Greenspan é o Presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, uma instituição homóloga ao nosso Banco de Portugal, cuja presidência é, como se sabe, ocupada pelo dr. Vítor Constâncio.


Não sei quanto ganha Greenspan, mas dizem os invejosos boateiros que Constâncio e os outros membros do Conselho de Administração do nosso banco levam para casa umas chorudas massas que deixam Greenspan e a sua equipa a uma notável distância.


Há catorze anos que Greenspan ocupa tão elevado cargo e este seu longo mandato termina no próximo 31 de Janeiro de 2006, muito perto do dia 6 de Março, também de 2006, que é o dia em que celebra os seus oitenta anos.


“Enough!”, deve ele ter dito seriamente em inglês, tal como quem safadamente diz “basta!” em português.


Greenspan deve, pelo seu longo curriculum, ser um razoável economista, pois exerceu a actividade em muitos outros elevados cargos públicos e privados, conquistou várias graduações académicas e recebeu imensas e merecidas honrarias. Sei que nunca foi laureado com qualquer prémio Nobel, e julgo bem que nunca alguém, alguma vez, tenha tido o desplante de tal “insuficiência” lhe ter deitado à cara.


Nenhum estadunidense teve a gentileza de me vir dizer quem vai substituir Greenspan, (e apenas uns dias faltam para que tal nome seja mundialmente conhecido), mas já sei quem, em Abril, vai substituir o dr. Constâncio, três meses antes do seu mandato acabar, mais ou menos um mês depois de o novo Presidente da República ter tomado posse.


Não reconhecem que foram muito simpáticos comigo?
 

 

*** Esta crónica foi escrita em 26 de Janeiro de 2006.

 

*** Cavaco Silva tinha, logo à primeira volta, em 22 de Janeiro, ganho as eleições para Presidente da República.

 

Para não terem que lhe dar contas, se fossem educados e não por a tal estarem  obrigados, prolongam com a (in)devida antecedência o contracto com o dr. Vítor Constâncio, que de pronto tal honra aceita.

 

Durante a campanha, o candidato Dr. Mário Soares, que tempos antes, quando fez 80 anos, disse "Basta!" à política activa. Mas, como se viu, não bastava.

 

No embate televisivo com Cavaco Silva tentou "deselegantemente" amesquinhá-lo de todas as formas e feitios:  "mas o senhor quem pensa que é?" ; "o senhor não é um Prémio Nobel; "O senhor é um razoável economista", "o senhor não sabe falar com as pessoas", "o senhor não é um humanista", "o senhor não publica livros" , etc., etc.

 

Mário Soares ficou em terceiro lugar, bastante atrás do seu velho camarada de partido e de tantas lutas, o poeta Manuel Alegre.  Foi esta a sua grande derrota.

 

 

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