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Vai ser assim

O tempo em que havia gente rica está-se a acabar.  

 

Vamos, numa primeira fase, ser um país de gente remediada, mas a nossa ambiciosa meta a atingir é a pobreza, uma pobreza justa, muito bem distribuída e meticulosamente controlada.  

 

Nunca mais vai ser permitido a alguém ser rico. Tudo o que cada um tiver acima de certo montante, cujo valor está a ser estabelecido por uma comissão de desempregados pobres, vai para o Fundo Monetário da Igualdade (FMI). 

 

Todos os cidadãos vão passar a ter um minúsculo e sofisticado chip recarregável, ao sol enquanto é dia e à luz da vela ao serão, enquanto não vai tudo para a cama depois de arrumada a louça e de se ter dado comida ao gado. 

 

Os chips, vão ser espetados, como se fossem brincos, na parte exterior do lóbulo de uma das orelhas de cada contribuinte, para assim poderem ser, praticamente sem custos, recarregados através de radiações luminosas de qualquer fonte natural abundante e disponível, de que a cera da vela, não contando com o pavio, é o melhor exemplo. 

 

Tudo leva a crer que a orelha a escolher venha a ser a esquerda, seguindo as opiniões de Manuel Alegre e Francisco Louçã a que se virá juntar, muito contrariado, a do camarada Jerónimo de Sousa, depois duma reunião de emergência do Comité Central do seu partido, a realizar à porta muito bem fechada por dentro com quatro voltas da chave e duas valentes trancas de ferro maciço atravessadas na horizontal.

 

Além de muitas outras coisas, tal chip personalizado, que vem substituir o ainda fresco CU (Cartão Único), em breve uma peça de museu às segundas-feiras, isto é, fechado, tem a capacidade de detectar até ao cêntimo os desvios das posses instantâneas de cada um (PICU).  

 

Mal alguém atinja o Limite Superior de Riqueza (LSR), valor que está a ser meticulosamente estabelecido pela Comissão de Tesos para o Limite Superior de Riqueza (CTLSR), o chip faz disparar automaticamente um alarme sonoro, tipo besouro, de intensidade crescente de insuportabilidade, que afecta irreversivelmente o ouvido e pode mesmo levar à surdez total e permanente.  

 

Um protocolo com as autoridades cubanas está já a ser estabelecido para que as vítimas da sua própria ganância, afectadas de surdez por motivos fiscais, sejam tratadas em Cuba.  

 

Os pagamentos irão por nós ser feitos em fardos de cortiça, ou em computadores de nosso fabrico sem o Janelas, uma avançada versão indígena do Windows. O nosso computador terá no ecrã robustas grades de aço de malha muito apertada que, embora ocupem praticamente todo o visor, permitem, às espreitadelas, trabalhar com uma variante avançada do Excel, também de concepção lusa, há muito a ser aplicada pelos membros do governo de Sócrates quando querem jogar aos aeroportos do tipo Jamé ou aos TGV de corrida.  

 

 

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O inimputável Ministro das Obras Públicas e Inovação, Eng. Mário Lino, membro de um governo Sócrates, disse que o novo aeroporto de Lisboa, seria em Alcochete "jamé".

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